sábado, 24 de maio de 2014

Um bom artigo para refletirmos sobre o papel da imprensa e dos jornalistas

 Do Observatório da Imprensa
CÓDIGO ABERTO

Greves colocam a imprensa contra a parede

Por Carlos Castilho em 23/05/2014
Greves de ônibus simultâneas em pelo menos 13 cidades brasileiras de médio e grande porte levantam suspeitas generalizadas, mas a imprensa ignora olimpicamente as dúvidas sobre os interessados nos movimentos e apenas faz um registro burocrático das paralisações, deixando a população duplamente confusa.
O papel da imprensa, em especial dos jornais das capitais e dos telejornais em rede nacional, não identificam quem são os grupos políticos que estão por trás de greves que tornaram ainda mais tensa e confusa a vida de milhões de brasileiros. As dúvidas que atormentam os usuários do transporte coletivo nas cidades afetadas pelos movimentos de cobradores e motoristas de ônibus variam desde a incerteza na hora de sair para o trabalho até as suspeitas sobre quem teria interesse num protesto que dá sinais de ser coordenado por alguém.
É difícil especular sobre os reais interessados nessas greves, mas a responsabilidade da imprensa parece bem clara. Ela não está contribuindo para resolver as dúvidas da população em São Paulo e dez outras cidades paulistas, em São Luiz, Cuiabá e Teresina.
O caso das greves em São Paulo foi exemplar. A paralisação dos dias 21 e 22/5 foi promovida por dissidentes do sindicato mas em momento algum eles foram identificados. Além disso, a Polícia Militar paulista se mostrou passiva e nenhuma autoridade estadual ou do Poder Judiciário resolveu aplicar a lei. A imprensa não cobrou nada, limitando-se a documentar ocorrências e relatos irritados de pessoas sem transporte.
Numa situação como a de uma greve de transportes públicos, milhões de pessoas são afetadas e consequentemente têm o direito de exigir uma solução rápida para a falta de ônibus. Mas, para fazer isso, as pessoas precisam de informação para poderem cobrar medidas pertinentes dos responsáveis pela situação, no caso funcionários e donos de empresas do transporte público. Quem deveria fornecer essas informações é a imprensa, porque ela é uma instituição cuja missão é oferecer dados para que o cidadão possa tomar decisões.
Quando a imprensa não fornece as informações que permitam às pessoas cobrar soluções, ela deixa de cumprir o seu papel social e passa a ser apenas um negócio. O papel social da imprensa é investigar situações confusas e complexas para dar ao público elementos para avaliar contextos, consequências e responsáveis. É o que está escrito em todos os manuais de redação e é mencionado sempre nos discursos dos donos de empresas jornalísticas.
Esta é função da imprensa, que se transforma num mero sindicato de donos de empresas quando se omite em sua responsabilidade social. O governo, as empresas privadas e organizações corporativistas (incluindo sindicatos) têm outros interesses que devem ser identificados para que a população não seja enganada.
A informação pública é um serviço cada vez mais importante na emergente sociedade digital porque é a base para a produção de conhecimento, fator indispensável tanto para a produção econômica como para viabilizar as transformações sociais inevitáveis num período de transição de modelos.
A produção de conhecimento não é um atributo exclusivo dos intelectuais, pesquisadores, tomadores de decisões e empreendedores. No momento em que começamos assistir a um irreversível processo de descentralização política, administrativa e produtiva, os segmentos sociais da chamada base social passam a ser indispensáveis no desenvolvimento de soluções inovadoras para problemas locais. 
Fica cada vez mais claro que as grandes decisões sobre problemas, como transporte público urbano, não poderão mais ser tomadas apenas por burocratas de uma prefeitura de grandes cidades, mas também pelos usuários, que conhecem o problema de perto e sofrem diretamente as suas consequências. Mas para que isso seja possível é necessário ter informações, o que não acontece e nem aconteceu nas greves de ônibus pelo país.
Nós jornalistas exercemos uma função complexa porque somos orientados pela missão social da imprensa, mas ao mesmo tempo integramos uma estrutura industrial movida pela lógica dos negócios.
A convivência entre ambas funções é possível e viável, mas há conjunturas que as colocam em situações opostas, como a que está acontecendo agora com as greves no transporte público, movimentos de protesto que podem ter implicações eleitorais. Quando isso ocorre, os jornalistas acabam diante de um dilema: manter o emprego ou correr o risco de perder a credibilidade do público, o que pode ser fatal para o exercício da profissão.
(http://www.observatoriodaimprensa.com.br/codigoaberto/post/greves_colocam_a_imprensa_contra_a_parede)

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Crise no jornalismo estimula aumento de blogs científicos

22/05/2014
Por Elton Alisson, de Salvador
Agência FAPESP – A crise pela qual passa o jornalismo mundial, causada em parte pela convergência para novas plataformas digitais, tem afetado a cobertura jornalística de ciência e estimulado o surgimento de blogs científicos em diversos países, inclusive no Brasil.
A avaliação foi feita por Juliana Santos Botelho, pesquisadora e coordenadora da Coordenadoria de Comunicação Científica (CCC/Cedecom) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em um painel sobre o uso de mídias sociais na comunicação da ciência durante a 13th International Public Communication of Science and Technology(PCST), realizada entre os dias 5 e 8 de maio em Salvador, na Bahia.
Com o tema central “Divulgação da ciência para a inclusão social e o engajamento político”, o encontro ocorreu pela primeira vez na América Latina e reuniu pesquisadores de mais de 50 países para debater práticas e estratégias de comunicação e divulgação científica adotadas em diferentes partes do globo.
“Há um crescimento do número de blogs de ciências no mundo, especialmente nos países que falam inglês, e a crise no jornalismo mundial tem contribuído para esse aumento”, disse Botelho, que também mantém, o blog Diálogos com Ciência e realizou um estudo sobre 150 blogs no Brasil.
De acordo com dados apresentados pela pesquisadora, a crise no jornalismo mundial tem causado um alto número de demissões em massa e a redução do número de jornalistas em atuação nas redações dos grandes veículos de imprensa em todo o mundo, incluindo os do Brasil.
Uma das principais consequências desse processo, na avaliação dela, é um número cada vez menor de jornalistas cobrindo um número cada vez maior de assuntos.
Em razão disso, a cobertura de ciência nos grandes veículos perdeu espaço editorial nas páginas dos grandes jornais e no noticiário das emissoras de rádio e de televisão.
“Essas mudanças têm causado impactos na cobertura de ciência feita pelos grandes veículos de comunicação, em termos de qualidade, em todo o mundo”, avaliou Botelho.
De acordo com a pesquisadora, outra consequência sensível do impacto da crise do jornalismo na comunicação da ciência é a homogeneização cada vez maior da cobertura jornalística do assunto.
Com a redução do número de jornalistas nas redações, os veículos de comunicação de diversos países têm recorrido cada vez mais a materiais jornalísticos padronizados sobre ciência produzidos por agências de notícias internacionais, apontou Botelho.
O problema é que os veículos recebem o mesmo tipo de material que seus concorrentes, que também compram das agências de notícias, e fazem pequenas adaptações.
Na maioria das vezes, as matérias sobre ciência produzidas pelas agências de notícias internacionais são relacionadas à produção científica de países do hemisfério Norte, ressaltou Botelho.
“Os pesquisadores brasileiros não aparecem na maior parte das matérias sobre pesquisas científicas publicadas no Brasil, por exemplo. E, quando aparecem nas notícias sobre ciência, é para comentar os resultados de estudos que foram publicados por pesquisadores de países do hemisfério Norte”, avaliou.
Crescimento dos blogs
A fim de suplantar a perda de espaço editorial dedicado à ciência, especialmente na mídia impressa, e aumentar a divulgação de resultados de pesquisas realizadas por cientistas brasileiros, tem aumentado o número de blogs de ciência no Brasil, apontou Botelho.
O número de blogs de ciência brasileiros, contudo, ainda é bem menor do que o número de blogs nos Estados Unidos e na Europa. E as políticas editoriais para os blogs ainda são muito incipientes no Brasil, destacou a pesquisadora.
“No Brasil não temos políticas editoriais muito estruturadas para blogs em geral e para os blogs científicos como as implementadas por veículos de imprensa e instituições universitárias de países como os Estados Unidos e Reino Unido”, comparou Botelho.
Segundo a pesquisadora, alguns veículos de comunicação têm optado por cientistas (ou pessoas de outras áreas que nunca tinham usado blogs) para serem seus blogueiros colaboradores.
Outras especificidades dos blogs de ciência brasileiros, de acordo com Botelho, é que eles são bastante independentes. Em sua maioria, não estão ligados a empresas de comunicação ou instituições.
O volume de notícias publicadas pelos blogs científicos brasileiros presentes nos veículos de comunicação também é menor do que o de outros blogs independentes no país. A publicação nos blogs da imprensa é constante, mas não é muito frequente. O que mais chama a atenção da pesquisadora nos blogs de ciência no Brasil, contudo, é a falta de interatividade.
“Isso pode ser uma característica cultural do Brasil”, avaliou Botelho. “Geralmente as pessoas se sentem mais à vontade para postar seus comentários em redes sociais, como o Facebook e o Twitter, mas não nos blogs”, disse Botelho.
A pesquisadora ressaltou, no entanto, que, apesar da importância dos blogs científicos para aumentar a difusão da comunicação de ciência, eles não devem substituir a cobertura jornalística de ciência pelas mídias tradicionais, como jornal, rádio e televisão.
Isso porque esses meios de comunicação já possuem público cativo e abordam assuntos científicos com maior frequência do que os blogs científicos, apontou Botelho.
“Os blogs científicos possuem um papel muito importante de experimentação de novos formatos de publicação e de estilos de escrita. Mas não devem, de forma alguma, substituir a cobertura jornalística sobre ciência e sim complementá-la”, afirmou. 
Leia mais sobre as mudanças no jornalismo cientíco em http://agencia.fapesp.br/17649

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Release é sugestão de pauta; não texto pronto para publicar

C&A não foi condenada por trabalho escravo

Leonardo Sakamoto
Ao contrário do que foi divulgado amplamente pela imprensa, a C&A não foi condenada por trabalho análogo ao de escravo pelo Tribunal Superior do Trabalho. Muito menos no Tribunal Regional do Trabalho da 18a Região. E o Ministério Público do Trabalho, neste caso, não ajuizou ação civil pública por trabalho análogo ao de escravo contra a empresa. E o Ministério do Trabalho e Emprego não resgatou trabalhadores de condições análogas às de escravos de suas lojas.

Texto (errado) publicado no blog do Sakamoto a  partir de um release vindo de um órgão público. Sakamoto é um ótimo profissional, nem por isso está sujeito a tropeções. Leia a íntegra do texto aqui





segunda-feira, 12 de maio de 2014

Revisão para avaliação regimental

Prezados (as), abaixo um resumo e roteiro para a avaliação regimental que acontecerá nas próximas aulas. Procurem entender tal sequência, além da reeleitura dos textos da apostila e das anotações em sala de aula. Dois aspectos fundamentais do curso neste semestre: "o processo de construção da notícia" e "a dicotomia objetividade x subjetividade na produção jornalística". Boa sorte a todos (as).

                                                               (1ª parte)

                                                                                                       (2ª parte)


                                                             (3ª parte)

quarta-feira, 7 de maio de 2014

LINCHAMENTO NO GUARUJÁ

Reflexões sobre o boato mortal

Por Luciano Martins Costa em 06/05/2014 na edição 797
O linchamento de uma mulher de 33 anos na cidade de Guarujá, no litoral paulista, choca e demonstra como estava certo o filósofo Michel Foucault ao afirmar, já em 1961, que parte da vida social transcorre no campo da loucura.
A imprensa busca explicações, mas não há compêndios capazes de dar conta de uma violência como essa. A campeã dos lugares-comuns é a afirmação de que o crime coletivo só se consumou porque a comunidade onde ocorreu é um desses lugares onde supostamente falta a presença do Estado. A tese considera que, para funcionar bem, a sociedade precisa ser policiada permanentemente.
Leia aqui a íntegra do texto. 

terça-feira, 6 de maio de 2014

Para quem acha que a Copa é o problema

Antonio Lassance

Somos educados para o analfabetismo econômico

Somos treinados a concordar com coisas que não fazem sentido. Por exemplo, pagamos um Mineirão dia, em juros da dívida, e achamos que a Copa é o problema.

Os barões ladrões que rebaixam o Brasil

A agência Standard & Poors, uma das que fazem classificação de risco de países e empresas, alterou a nota do Brasil para pior: de BBB para BBB-. E se alguém acha que esse é um debate econômico, está redondamente enganado. A economia continua sendo um assunto importante demais para ficar restrito aos economistas. A elevação ou o rebaixamento da nota de um país são entendidas, mundo afora, como um sinal do quanto um país é rentável e confiável.

Para ler a íntegra do artigo clique aqui. 

Quando o jornalismo faz a diferença

Livro desvenda farsa sobre assassino em série da Suécia
Thomas Quick confessou e foi condenado por crimes que não cometeu
O PAÍS ASSISTIU HORRORIZADO ÀS CONFISSÕES E QUICK FOI CONDENADO. O MAIS INCRÍVEL É QUE TUDO ISSO ERA MENTIRA

PATRÍCIA CAMPOS MELLODE SÃO PAULO

Nos anos 1990, o sueco Thomas Quick confessou ter cometido mais de 30 assassinatos. Tornou-se o maior assassino em série da Suécia.
Em sessões de análise no hospital psiquiátrico em que estava preso, ele contou ter mutilado, estuprado e comido pedaços do corpo das vítimas. Durante reconstituições nas cenas do crime, disse à polícia que decepou uma das vítimas, um menino de 11 anos, comeu seus dedos e chutou sua cabeça como se fosse uma bola de futebol.
A Suécia assistiu horrorizada às confissões e Quick foi condenado à prisão perpétua no hospital por oito assassinatos. Mas o mais incrível é que tudo isso era mentira.

Leia íntegra da resenha aqui

sexta-feira, 2 de maio de 2014

As duas mortes do japonês da Escola Base

Um caso para refletirmos sobre nossa responsabilidade como jornalistas. Vale a leitura. 

sex, 02/05/2014 - 10:41 - Atualizado em 02/05/2014 - 11:27 

 Luis Nassif 

A primeira morte de Ucushiro Shimada ocorreu quando ele, esposa e sócios foram alvo de um crime de imprensa, cruel e generalizado, que liquidou não apenas com os sonhos dos pequenos empreendedores como estraçalhou com sua vida familiar. A segunda morte foi quando acionados na Justiça, os grupos de mídia apelaram para todas as manobras previstas na sistema legal para postergar o pagamento. Na série de vídeos abaixo, há o depoimento de uma das jovens sócias na época, hoje ganhando pouco mais de R$ 600,00 e sem dinheiro para pagar as dívidas.

Clique aqui para ler a íntegra do artigo. 


quinta-feira, 1 de maio de 2014

"Futilidades da web desmobilizam a juventude", diz autor

Segundo o escritor cubano Abel Prieto Jiménez, as pessoas se conformam com cápsulas de informação e não se aprofundam em nada

Ser culto é a única forma de ser livre, vaticinou o poeta e filósofo José Martí, herói da Independência de Cuba. O Apóstolo, como era chamado, não pôde, porém, ver o sonho realizado. Morreu em confronto com as tropas espanholas em 1895, quando a esmagadora maioria da população da ilha caribenha ainda permanecia presa ao analfabetismo. Hoje, passados mais de 50 anos da revolução socialista liderada por Fidel Castro, Cuba orgulha-se de ter um dos melhores indicadores de alfabetização e escolaridade do mundo, líder absoluta na América Latina.

Leia aqui a íntegra da entrevista, publicada pela Carta Capital.